31 dezembro 2008

2009: NOVO ANO


Nada como ter o poeta à mão. Dizem aquilo que queremos dizer mas com as palavras certas.
Beijos e abraços para todos que cá vierem e, já agora, um bom ano.


poema completo [aqui]

30 dezembro 2008

NOVAS "COZINHAS"

Na admirável obra “Memórias de Adriano”, Margarite Yourcenar, apresenta-nos um imperador próximo da gente comum, atacado pelas mesmas fraquezas que atormentam a gente anónima. Tendo recebido imensos territórios do seu antecessor Trajano, Adriano, suspende a sanha conquistadora do antepassado e dedica parte da sua vida a solidificar as conquistas recentes.
Adriano é um amante da cultura, discreto e reflexivo. Não muito longe já, do fim da vida, numa carta escrita ao jovem Marco, Adriano confidencia-lhe: "Foi em Roma, durante as longas refeições oficiais, que me aconteceu pensar nas origens relativamente recentes do nosso luxo, nesse povo de cultivadores económicos e soldados frugais, alimentados de alho e cevada, subitamente emporcalhados pela conquista nas cozinhas da Ásia, tragando aquelas comidas complicadas com uma rusticidade de camponeses dominados por fome canina".
Socorro-me desta obra para comentar os negócios escandalosos que nos vão entrando pelas portas adentro, pontualmente, às oito da noite de todo o santo dia. Não necessitamos, sequer, das capacidades meditativas de Adriano para concluir que, tal como os romanos, também nós, muito recentemente ainda, não passávamos de uns cultivadores económicos. Quem não se lembra daquela célebre fotografia do “ganhão”, enquadrado por uma paisagem bucólica, deixando ver as botas cardadas e com a sola já furada? As nossas recentes “conquistas” nas “cozinhas” da União, ao tempo Comunidade, emporcalhou muita gente que não estaria preparada para aquela súbita entrada de “comida”. O resultado é o que já sabemos. Espero, esperamos todos, que todos estes exageros dêem pelo menos para uma reflexão profunda sobre o papel que a todos e a cada um de nós está reservado sob pena de vermos uma matilha de cães esfaimados dizimar todo um rebanho dócil e triste.

Este texto, publicado inicialmente em 4 de Dezembro p.p., foi premiado no sorumbático como comentário ao texto de Alfredo Barroso, Perguntas assassinas.

22 dezembro 2008

A NOITE É FRIA...


Nesta quadra, desejo a todos os leitores do blogEVENTUAL, que considero já meus amigos, um FELIZ NATAL. Não posso, porém, esquecer todos aqueles para quem esta é uma quadra de dor ao invés de ser uma quadra de alegria. Socorro-me do poeta que, nestas circunstâncias, diz as coisas melhor do que digo.


a um pequenito vendedor de jornais [aqui]

20 dezembro 2008

SÓCRATES E AS "MAÇÃS DA TERRA"

Nos últimos trinta anos a educação tem sido entregue, ora a românticos, ora a fracos. Quando se pensava que a pasta tinha encontrado, finalmente, o dono certo, eis que entra em cena uma equipa de aventureiros que, de educação, parece não entenderem muito mais do que aquilo que lhes ficou de umas leituras apressadas. E desastre após desastre, três anos depois, a parte do edifício que ainda continuava de pé, acaba de ruir.
A propósito desta calamidade vem-me à memória uma história que Steve Berry contava n’A Profecia dos Romanov. Pedro o Grande, czar de todas as Rússias, querendo alimentar o seu povo decretou que os camponeses da Geórgia passassem a cultivar batatas. “Maçãs da terra”, como lhes chamava. O tubérculo, recentemente introduzido na Europa, era, ainda, desconhecido na Rússia e o soberano esqueceu-se de dizer aos cultivadores qual a parte da planta que devia ser aproveitada. Quando, depois da colheita, os camponeses tentaram comer a rama, adoeceram. Encolerizados, queimaram toda a sementeira. Foi só quando um provou a raiz queimada da planta que se descobriu onde estava, afinal, o alimento.
Não duvido que José Sócrates quisesse o melhor para a educação do seu país. Não duvido, sequer, da bondade da sua escolha mas, tal como Pedro, quatro séculos antes, também ele se esqueceu de avisar a equipa que escolheu, que, uma boa parte dos professores, quiçá a melhor, embora “escondida” era imprescindível se se quisesse uma boa colheita. Não avisada, nada sensata e pouco perspicaz, a equipa tomou todos os professores por foras-da-lei e toca a mover-lhes uma guerra sem quartel. Covardemente, aliciou os pais e o país contra o inimigo, mas, quando a batalha parecia ganha, eis que começam a surgir brechas nas forças de assalto. Quando percebem as ideias diabólicas dos generais, o melhor das forças, muda-se para o outro lado da barricada. O resto já se sabe.
Desgraçadamente, perdeu-se outra oportunidade de reformar o ensino público e teremos de trabalhar muito para reconstruir tudo o que uma equipa de celerados teimou em destruir.

Este texto, publicado inicialmente em 29 de Novembro p.p., foi premiado no sorumbático como comentário ao texto de António Barreto, Políticas Educativas.

08 dezembro 2008

[5] CRIATIVIDADE


liderança e gestão em 5 lições [5.ª Lição]

Um fazendeiro resolve colher alguns frutos da sua propriedade. Pega num balde vazio e segue para o pomar. No caminho, ao passar por uma lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram as suas terras. Aproxima-se lentamente e descobre várias raparigas nuas banhando-se na lagoa. Quando elas se apercebem da sua presença, nadam até à parte mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto não se for embora.
O fazendeiro responde:
- Não vim aqui para vos espreitar, só vim dar de comer aos jacarés!

Moral da História:
É a criatividade que faz a diferença na hora de atingirmos os nossos objectivos.

[4] MOTIVAÇÃO

liderança e gestão em 5 lições [4.ª Lição]

Em África, todas as manhãs, uma gazela ao acordar, sabe que deve conseguir correr mais do que o leão se se quiser manter viva.
Todas as manhãs, o leão acorda e sabe que deverá correr mais do que a gazela se não quiser morrer de fome.

Moral da História:
Pouco importa se és gazela ou leão, quando o sol nascer deves começar a correr.

[3] ZONA DE CONFORTO

liderança e gestão em 5 lições [3.ª Lição]

Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta-lhe:
- Posso sentar-me, como tu, e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde:
- Claro, por que não?
O coelho senta-se no chão, debaixo da árvore e relaxa. De repente, uma raposa aparece e come-o.

Moral da História:
Para ficares sentado sem fazeres nada deves estar sentado bem no alto .

[2] CHEFIA E LIDERANÇA

liderança e gestão em 5 lições [2.ª Lição]

Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar. Na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Esfregam-na e, de dentro dela, sai um génio. O génio diz:
- Só posso conceder três desejos, por isso, concederei um a cada um de vós.
- Eu primeiro, eu primeiro – grita um dos funcionários –, queria estar nas Bahamas a pilotar um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida!
- Desejo concedido – exclama o génio. Puf! E lá se foi.
O outro funcionário apressa-se a fazer o seu pedido:
- Quero estar no Havai com o amor da minha vida e um provimento interminável de pina coladas!
- Desejo concedido – sentencia o génio. Puf e lá se foi.
- Agora você – diz o génio para o gerente.
- Quero que aqueles dois voltem ao escritório logo depois do almoço .

Moral da História:
Deixe sempre o seu chefe falar primeiro.

[1] GESTÃO DO CONHECIMENTO


liderança e gestão em 5 lições [1.ª Lição]

A mulher sai do banho, pega na toalha, e começa a enxugar-se. O marido entra, por sua vez, no chuveiro. A campainha toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender, a mulher desiste, enrola-se na toalha e desce as escadas. Quando abre a porta, vê o vizinho Filipe na soleira. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, diz o Filipe:
- Dou-lhe € 10.00 se deixar cair essa toalha.
Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa cair a toalha e fica nua. Filipe, então, entrega-lhe os € 10.00 prometidos e vai-se embora.
Confusa, mas radiante com a sua sorte, a mulher fecha a porta, enrola-se novamente na toalha e volta a subir. Quando entra no quarto, o marido grita do chuveiro:
- Quem era?
- Era o Filipe, o vizinho da casa ao lado - diz ela.
- Óptimo! Deu-te os € 10.00 que me estava a dever?


Moral da história:
Se compartilhares informações a tempo, podes evitar exposições desnecessárias!

05 dezembro 2008

ESTAREI...

Ontem, chamada, salvo erro, pelos bloquistas, a ministra da educação foi, mais uma vez, ao parlamento. Confesso que me começa a faltar a pachorra para aturar as cretinices da senhora, mas, de relance, dei uma vista de olhos na meia dúzia de segundos que um dos canais dedicou ao assunto no jornal das oito. Apesar do interesse fugidio que dediquei ao acontecimento houve três pormenores que retive: o primeiro foi o semblante carregado da senhora que aquela indumentária de corvo, em nada favorecia. Devia despedir o assessor de imagem. A segunda tem a ver com o tempo verbal empregue numa afirmação “estarei totalmente aberta à discussão…”. Devo referir que este “estarei”, não se refere ao amanhã, nem sequer ao próximo mês, refere-se, isso sim, ao próximo ano ou aos próximos anos. Ouvir esta afirmação causou-me uma impressão horrível. Imaginar esta ministra, acolitada por aqueles dois mostrengos, nos próximos anos, a continuar a fazer o trabalho medonho que tem feito até agora. A quem não passou despercebido este “estarei”, devia ter passado pela mesma experiência pavorosa. Deus nos livre de tal provação. A terceira tem mais a ver com o conteúdo da mensagem. Uma mensagem, pelo menos, imbecil, que demonstra à saciedade as intenções destes senhores: “O modelo pode ser corrigido mas primeiro tem de ser aplicado”. Quando a ministra, enfrentando os parlamentares da nação, faz uma afirmação destas, acaba de esvaziar qualquer resquício de credibilidade que poderia ainda conter.

PS: a ministra mostrou-se ao país, cansada, triste, azeda e, pior que tudo, oca. A oferta que lhe fiz há 9 meses mantém-se. Na esperança de que a senhora, finalmente, aceite, tenho, desde aí, paulatinamente, aclarando a voz.

03 dezembro 2008

E AINDA LHE PAGAM?

Há dois temas sobre os quais todo o português que se preze tem sempre opinião. Definitiva opinião, diga-se. É sobre futebol e sobre o tempo (ando fodido dos ossos!.. Humm, o tempo vai mudar). Há depois outros temas, que podemos considerar sazonais, que ocupam, por prazos mais ou menos longos, consoante o ruído do assunto, as conversas dos indígenas. Actualmente falamos de educação.
Mas, como em tudo na vida, também aqui a quantidade é inimiga da qualidade e mesmo aqueles de quem se esperaria, pelo menos, uma opinião inteligente, produzem arrazoados que em nada elevam o baixo nível em que caiu a discussão. Na sua última crónica para o Jornal de Notícias, Manuel Serrão, escreve sobre educação (e que mais podia ser?). Logo de início vai avisando os leitores que para escrever esta crónica dá-me muito jeito perceber pouco do fundo da questão. Vai falando depois das guerras entre sindicalistas e governo e colegas cronistas do jornal e, mais à frente, contando que a alguém possa ter passado despercebido o primeiro aviso, reitera que gostava de repetir que, até por falta de informação (a que se somará porventura alguma falta de formação na área), pouco sei dos verdadeiros problemas em cena na greve dos professores. Diz mais qualquer coisa sobre a entidade patronal da classe docente e conclui: imaginemos em tese académica que os professores estão cheios de razão. […] Imaginemos que por um estranho acaso, todos os professores estão de acordo com a greve e os outros termos da luta contra o Governo. […] Mesmo assim, não me parece que o Governo tenha de ceder.
- Manuel Serrão, teve muita sorte o seu paizinho não o ter mandado para professor: se produzisse esta bela argumentação numa turma do oitavo ano, pela certa os alunos crucificavam-no – não, crucificar não. Não que não o merecesse, mas seria difícil arranjar um madeiro à sua medida. Mas umas boas dúzias de ovos ganhava, isso posso garantir-lhe.
E agora só entre nós senhor Serrão: o senhor escreve estas bostas e o JN ainda lhe paga por cima?

... APENAS NOSTALGIA DE SER LIVRE.

Nestes dias de chumbo que se vivem nas escolas públicas, socorro-me de Al-Mu'tamid

Chorei quando vi passar
livre, sobre mim voando,
o bando de cortiçóis.
Nem grades nem grilhetas os detinham.
Não foi por inveja que fiquei chorando...
apenas nostalgia de ser livre,