25 abril 2011

VALERÁ A PENA?


"Poder-se-á perguntar, com aparente pertinência e justificada razão se, agora, com Portugal a viver horas amargas de crise, angústia e incerteza, importaria comemorar Abril.
Na verdade, importará fazê-lo, neste tempo em que os medos reemergiram no nosso quotidiano, em que o regresso da fome, que grassa um pouco por todo o País, acutiladamente nos surpreende e contende, em que obrigados somos a dobrar a cerviz perante os ditames estrangeiros, em que se duvida que haja fundada esperança em melhores dias?"


Extracto do discurso do ex-presidente Ramalho Eanes, proferido no Palácio de Belém, durante as comemorações do 37.º aniversário da Revolução de Abril

24 abril 2011

ATÉ QUANDO?


Um dia, um empresário com medo de andar de avião, telefonou para uma agência de viagens, procurando inteirar-se da probabilidade de haver uma bomba a bordo. O funcionário da agência achou a pergunta estranha, mesmo para os tempos que correm, mas, habituado a ouvir perguntas estranhas, lá foi dizendo que a probabilidade de isso acontecer era muito baixa, não mais do que 1 para 10000. O empresário, parecendo não ficar muito satisfeito com a resposta, agradeceu e desligou. Pouco depois o telefone da agência voltou a tocar. Era novamente o senhor da bomba. Agora queria saber qual seria a probabilidade de haver duas bombas a bordo do mesmo avião. Se já a primeira pergunta lhe pareceu disparatada esta ainda mais, mas, conhecedor do cálculo de probabilidades, o funcionário da agência de viagens lá lhe foi dizendo que a probabilidade de haver duas bombas a bordo do mesmo avião era insignificante. Seria o quadrado da probabilidade de haver apenas uma, logo, não mais do que 1 para 100 000 000. Agora sim, o assustadiço homem de negócios ficou contente com a resposta. Agradeceu calorosamente e desligou.
Algum tempo mais tarde, o funcionário da agência de viagens leu num jornal que num aeroporto tinha sido preso um passageiro que se preparava para embarcar com uma bomba na bagagem. Quando a polícia o interrogou, disse que levava a bomba na mala apenas para diminuir o risco de haver uma bomba a bordo.
Lembro-me desta deliciosa história, contada pelo matemático americano John Allen Paulos, sempre que oiço os nossos políticos a falarem de números, de percentagens e de estatísticas. Onde nós, ignorantes, vemos desgraça nos números do desemprego vem um ministro e diz que, comparando com não sei quê, estamos no bom caminho; onde nós, agoirentos, vemos a taxa de crescimento a apontar para o chão vem um secretário de estado dizer-nos que se compararmos com não sei quanto o amanhã será risonho; onde nós, desconfiados, vemos criatividade na opulência dos resultados dos exames de Matemática, lá temos o porta-voz do governo para nos lembrar que somos pobres e mal agradecidos e já não conseguimos, sequer, acreditar nas capacidades dos nossos jovens. Enfim, estamos na mão de gente tão ignorante quão perigosa. Ainda ontem o INE nos veio dizer que afinal o deficit de 2010 não foi de 6,9 nem de 8,6 mas sim de 9,1% do Produto Interno Bruto. E o nosso drama é que nem sabemos sequer se a desgraça se fica por aqui. Os nossos políticos que enchem a boca com juras de amor à pátria e promessas de trabalho incansável e desinteressado em prol do bem comum, andam, isso sim, a espalhar bombas por todo o lado, armadilhando o futuro de todo um povo. E, note-se, até nisso a sua incompetência salta à vista: colocaram as bombas para estourar quando eles já estivessem a salvo e afinal eis que lhes começam a rebentar nas mãos. Estamos, pelo menos há seis anos, nas mãos de um bando de prestidigitadores. Até quando?

23 abril 2011

PÁSCOA FELIZ

... e ainda para os que chamam nomes ao Sócrates, ao Teixeira e àquele da boquinha de peixe de que não me lembra o nome. E também para os Irlandeses, para os Gregos e para os falsos Finlandeses. E para todos os cem mil que há três anos desancaram na Lulu e os trezentos mil de doze de Março. E para as colegas de trabalho - e vá lá, para os colegas - e para todos os outros de que me não lembro agora.